quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Show da gravação do CD e DVD de 20 anos da Devotos - foi do cara***


No Alto José do Pinho, o desfile de 7 de setembro deste ano aconteceu tardiamente, no 22 de setembro. Parece que as coisas acontecem tardiamente por lá. A Devotos, uma das bandas mais relevantes do Alto, exemplifica o caso. Gravou seu primeiro CD em 1999, depois de nove anos de estrada. E o primeiro DVD foi gravado domingo (21), para comemorar o aniversário de 20 anos de uma história marcada por lutas. Contra a pressão desfavorável da família, a falta de grana, o preconceito da sociedade.

A história da Devotos está longe de acabar, mas pode-se dizer que, se acabasse hoje, teria um final feliz. Até porque, como disse um morador do Alto, fazer 20 anos de banda em um lugar aonde várias pessoas não chegam aos 20 anos de vida é uma vitória. E essa vitória foi festejada com muito punk rock/hardcore, como não poderia deixar de ser.

O show começou com Cannibal confessando o nervosismo, e a banda mandando ver em “Dia Morto”, que por problemas técnicos (ou a falta do tradicional desejo de boa sorte da filha de Cannibal, o que depois foi consertado) teve que ser repetida. E seguiu-se a apresentação pra lá de vigorosa com músicas dos discos “Agora Tá Valendo”, “Devotos”, “Hora da Batalha” e “Flores com Espinhos para o Rei”. O mais legal é que a roda de pogo girava, mas não havia brigas. O clima era de harmonia, com várias crianças na platéia. Parecia uma reunião de família. E era.

Eis que surge Lirinha, vocalista do Cordel do Fogo Encantado, para participar de “Dança das Almas”. Em seguida, veio uma versão matadora de “A Matadeira”, do Cordel (trocadilho péssimo, eu sei). Algumas porradas na orelha depois, sobe ao palco Adilson Ronrona, vocalista da Matalanamão (com figurino feito pela mãe dele), pra cantar “Sociedade Alternativa” junto com Cannibal. O dueto continuou em “Mim Dai”, hit da Matala.

A pauleira continuou, até que o Afoxé Ilê de Egbá veio e trouxe o seu batuque para “Mas Eu Insisto”. E a pauleira continuou. Veio também participar da festa Clemente, vocalista da Inocentes, uma das bandas que influenciou a Devotos, cantando “Alien”, “Brincando do Jeito que dá” (Devotos) e “Pátria Amada” (Inocentes).

A música de encerramento não poderia ser outra: “Punk Rock Hardcore Alto José do Pinho”, que contou com a participação não-programada de Clemente. No bis, “Punk Rock” fez jus ao refrão (é do cara***) novamente. Quem estava ali, fosse morador do Alto José do Pinho, de outros bairros da RMR (Região Metropolitana do Recife) ou de outros estados (tinha gente da Paraíba, do Rio Grande do Norte...), tinha a mesma sensação: havia presenciado um momento e histórico que, por mais que o CD e o DVD fiquem bons, não irão conseguir reproduzir com a mesma aura daquela noite.



P.S.: Deixa eu compartilhar uma tragédia: eu havia tirado várias fotos da passagem de som, bastidores, do show... mas não sei o que fiz na minha câmera que perdi tudo. O que sobrou foi essa fotinho xexelenta e um vídeo de 16" com "Punk Rock Hardcore Alto José do Pinho" :(

Um comentário:

EboRâguebi disse...

Quantos de nós já não sentiram o chamado “síndrome de Domingo à tarde”? Falámos daquele sentimento de depressão que nos assola cada vez que pensamos que o fim-de-semana está a terminar e temos mesmo que regressar ao trabalho. Na verdade, poucas pessoas têm capacidade para encontrar a felicidade profissional. Tudo porque insistimos em optar pelas soluções mais complicadas.