quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Oi Fashion Music - Moda e música acertando o tom

Olá, todo mundo! Andei passeando por terras um tanto quanto diferentes das habituais: o mundo da moda. Antes de achar que este singelo bloguinho está ficando muito fútil, lembre-se de que a indústria da moda movimenta, em média, 15 bilhões de reais por ano no Brasil, é o ganha-pão de milhares de pessoas neste país em que reina o desemprego, e ainda cobre o seu corpinho com estilo. Afinal, como diria o estilista Alexandre Herchcovitch, “a moda é o cérebro do lado de fora”.

Aconteceu na última quarta-feira (1º) a primeira edição do Oi Fashion Music. O evento rolou no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções, em Olinda. Mas lá a moda não estava só. Assim como no Fashion Rocks, que acontece na Inglaterra, estava de braços dados, no maior chamego, com a música. Artistas de peso estiveram lá, cantando e fazendo a trilha sonora dos desfiles. Quer saber quem? Continua lendo que eu conto.

Tenho que confessar que me deparei com um clichê: a mãe de modelo, versão dos anos 00 da mãe de miss. Sempre animada e devotada à filha, que ela jura ser a próxima Gisele Bündchen (sendo sua pimpolha mais bonita, claro). Maria Célia, mãe da modelo caruaruense Andrielly Carla, estava desde muito cedo em uma das primeiras filhas, ansiosa para ver sua cria desfilar. Quando Andrielly apareceu na passarela, Maria Célia fez questão de dizer a todos: “é a minha filha!”. Babando e corujando. Mas mãe é mãe, né?

E havia, logicamente, aqueles(as) modelos lindíssimos(as). Corpinhos enxutos e peles perfeitas! E, claro e evidente, eles devem se reproduzir entre si. Nunca vão dar bola para nós, pobres mortais que temos espinhas, celulite e tomamos refrigerante normal, com muito açúcar. Mal sabem eles o quão interessante é uma barriguinha um pouquinho saliente, uma cicatriz! Mas eles o padrão que os estilistas e a indústria da beleza impõem.Fazer o quê.

Os atores Lucio Mauro Filho e Ricardo Castro abriram do evento (que começou com mais de uma hora de atraso), fazendo a platéia rir com suas piadas em relação aos mundinhos fashion e musical. E, entre cada desfile, eles voltavam trazendo mais humor. Sobrou pro João Gilberto, pras bandas de músicas não tão profundas assim e até pro Chico Science. As únicas bolas foras foram o “enovador” que o Lucio Mauro Filho soltou, além do “oi, Réécife”. Ninguém (ou quase) na Região Metropolitana do Recife fala assim.



O primeiro desfile foi o da C&A, embalado pelo samba de Jorge Aragão. O garoto-propaganda da marca, Sebastian, chegou na ginga do malandro carioca e arrancou gritos e aplausos da platéia. A coleção trouxe o clima hippie dos anos 70, com faixinhas na cabeça, jeans délavé (aqueles bem desbotados) e estampas florais. Também teve o colorido do estilo geek, a alegria dos indies.




Depois veio a marca do pernambucano Melk Z-Da, embalada pela apresentação do conterrâneo Zé Brown, vocalista do Faces do Subúrbio. Ao som do rap “Perito em Rima”, as modelos, com máscaras brancas/tom de areia escondendo o rosto, desfilaram vestidos e outras peças em tons claros, como o bege e o rosa - claro. Mas as roupas traziam a dramaticidade e a loucura da escultora francesa Camille Claudel, musa inspiradora da coleção.


“Água de Chuva no Mar”, de Beth Carvalho (que animou o público), foi a trilha do desfile da Água de Coco trouxe sua moda praia pro evento. O modelo Paulo Zulu já está meio passadinho, mas ainda fez a mulherada gritar horrores.



O ex-titã, poeta e talentoso Arnaldo Antunes trouxe sua presença de palco pro desfile da Blu K, que trouxe a top e apresentadora do GNT Mariana Weickert pra passarela do Evento. Muitas roupas lindas e soltinhas, toques étnicos e uma coisa meio estou-em-Saint-Tropez. Olha o vídeo do desfile aí embaixo:





O vocalista do Cachorro Grande, Beto Bruno, cantou “Jumping Jack Flash”, dos Rolling Stones pra animar o desfile da Sandpiper. Coleção alegrinha, com vestidos curtinhos, tons pastéis e estampas de bolinhas e xadrez. Bem fofo.


Luiz Melodia foi de “Lá vem a bonitona” pra embalar o desfile da Salinas. Sereias na passarela! Muito rosa-choque, tops que lembravam conchas e referências às míticas beldades do fundo do mar.


E aí veio o ápice. Com um tema um tanto quanto kistch, “Miss Universo”, a Alessa não podia ter sido mais feliz na trilha sonora. Chamou o mito, o único, um dos últimos românticos, pra cantar no desfile: o incomparável Wando! “Fogo e Paixão” foi cantada quase em uníssono pelo público, enquanto Wando jogava calcinhas para a platéia, em vez de tradicionalmente receber várias. Infelizmente não consegui pegar nenhuma :(

Os looks esportivos, bem elaborados e em cores neutras (azul, bege) da Redley foram mostrados ao som de “Ponta de Lança Africano”, de Jorge Bem, na voz de Jorge du Peixe, da
Nação Zumbi. Performance de primeira!


Um Vitor Araújo até que calmo (ele nem subiu tanto assim no piano!) tocou sua “Valsa para a Lua” no desfile do xará Victor Dzenk. A coleção, intitulada “Alma Barroca”, trouxe influências de Aleijadinho, um dos maiores artistas barrocos do Brasil. Cores ora fortes, ora neutras, florais e vestidos longos estavam presentes nas peças. Ao fim da apresentação, Vitor Araújo saiu do palco e foi pra platéia sob forte salva de palmas.


O sempre animado Otto (que lança CD novo mês que vem) cantou “Pelo Engarrafamento” e animou o já animado desfile da TNG. Tanta animação foi por conta do ator Malvino Salvador,que desfilou e arrancou gritos histéricos das mulheres (e de alguns homens) da platéia - até algumas colegas de trabalho perderam a linha e engrossaram o coro! Quem conseguiu prestar atenção na coleção, viu roupas mais urbanas, mas com toques navy (roupinha de marinheiro, sacou?) e muitas listras.


Fernanda Takai fez sua versão para “Cities in the Dust”, da banda avó do emo Siouxsie And The Banshees, pro desfile da Cantão. Muitos vestidos bonitinhos, chapéus de panamá e cores foi o que se viu na passarela.

O multiinstrumentista Zé Cafofinho (que dessa vez tocou rabeca) deu o tom do desfile da Seaway, o último da noite. Muito xadrez, calças street com bolsos enormes, roupas esportivas e cores claras, além de uma certa influência da boemia dos anos 20.

Pra encerrar, todos os cantores convidados, além da banda base que os acompanhou - Billy Brandão na guitarra, Bruno Migliari no baixo, Pablo Lapidusas nos teclados, Lourenço Monteiro na bateria e Joça Perpignan na percussão - participaram de uma homenagem ao rei do baião
Luiz Gonzaga. Todos vieram ao palco enquanto a banda tocava “Asa Branca”.

E não posso deixar de dizer que a assessoria de imprensa do evento está de parabéns por dar credenciais de imprensa a nós, pobres blogueiros. É o reconhecimento de que a gente faz diferença sim, não só os grandes veículos de mídia. Que bom seria que todos pensassem assim (não é, senhores Bruno Nogueira e Guilherme Moura?)! Ah, e mais uma vez desculpem as imagens ruins, é que a minha câmera é péééééssima!


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